Treze projetos culturais historicamente patrocinados pela Petrobras não vão receber o apoio da estatal neste ano. A lista de cortes inclui três dos principais festivais de cinema do país: a Mostra de Cinema de São Paulo, o Festival do Rio e o Anima Mundi, o maior festival de animação da América Latina. A relação está num documento enviado pela estatal aos deputados federais Áurea Carolina e Ivan Valente, do PSOL, e obtido pela reportagem da CBN.
A Petrobras também não poupou o festival de cinema mais antigo do país: o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. A empresa foi a maior patrocinadora das últimas 11 edições do evento. Só no ano passado, foram R$ 600 mil em patrocínio direto e em contratos de distribuição. O produtor cultural Henrique Rocha, diretor geral do Festival em 2017 e em 2018, diz que o corte enfraquece a produção dos eventos:
“O que eu imagino é que a gente vai ter um ano de míngua. A gente corre um risco muito grande de interromper projetos continuados, que têm uma longa tradição, que têm muita importância, que têm um público imenso e que podem, simplesmente, serem realizados ou de forma pífia ou nem serem viabilizados.”
A Petrobras também decidiu não patrocinar o tradicional Prêmio da Música Brasileira, que, no ano passado, recebeu R$ 2,5 milhões. A Casa do Choro do Rio de Janeiro e o Clube do Choro de Brasília também estão na lista. O presidente do Clube do Choro soube dos cortes pela reportagem da CBN. Reco do Bandolim afirma que ainda não sabe de onde vai vir o dinheiro para manter a instituição:
“A gente está vivendo momentos de angústia. Se a gente não fechar com a Caixa ou se a gente ficar sem o aceno de uma outra instituição que possa estender a mão, nós estamos sem opção.”
O fim dos contratos está ligado à orientação da nova diretoria, que já mandou revisar todos os programas de patrocínio. No documento, a Petrobras diz que o estudo ainda está em fase inicial. Numa audiência na Comissão de Cultura na semana passada, o gerente de patrocínios da empresa, Diego Pila, afirmou que a estatal só vai honrar os contratos vigentes:
“A gente não está fazendo nenhuma renovação de patrocínio de cultura e esporte, em qualquer área. A gente não teve nem que ter critérios para fazer o corte, foi geral. A gente tinha lançado uma seleção pública na área de música em dezembro do ano passado e esse é o único patrocínio novo que está sendo feito, tanto para cultura, como para esporte.”
No teatro, a Petrobras também cortou o patrocínio do Teatro Poeira, no Rio de Janeiro, além do Festival Porto Alegre em Cena e do Festival de Curitiba, que receberam recursos pela última vez em 2017. O corte também atingiu o Festival de Cinema de Vitória, o CineArte, na Avenida Paulista e a Sessão Vitrine, um projeto que fazia a distribuição de filmes nacionais em cinemas de 21 cidades.