Secretário Bonates afirma, enquanto rebelião acontecia, presos cavavam túnel para fugir, ato para distrair a Polícia

MANAUS – Ao anunciar o fim da rebelião na UPP (Unidade Prisional Puraquequara), na zona leste de Manaus, no início da tarde deste sábado, 2, o secretário de Segurança Pública do Amazonas, Louismar Bonates, disse que os detentos queriam distrair os policiais enquanto cavavam um túnel para fugir do presídio. Segundo o secretário, não houve mortes.

“Eles estavam constantemente tentando fazer uma fuga aqui dessa penitenciária. As outras duas vezes foram abortadas, eles viram então que a única solução seria fazer uma rebelião para distrair o pessoal enquanto eles cavavam túnel. Não conseguiram novamente”, disse Louismar Bonates.

De acordo com a Seap (Secretaria de Administração Penitenciária), a rebelião teve início por volta de 6h durante a entrega do café da manhã, quando internos serraram a grade de duas celas e fizeram os agentes de socialização de reféns. Eles pediam a presença da imprensa e de representante de entidades de direitos humanos.

Os presos queimaram lençóis e colchões e fizeram reféns sete funcionários do presídio. A rebelião foi controlada por volta das 10h30. Dezessete pessoas tiveram ferimentos durante o motim, sendo dez agentes prisionais (três deles se machucaram ao pular das muralhas), cinco presos e dois policiais militares.

O secretário classificou a operação como “bem tranquila” e disse que detentos tiveram ferimentos causados por estocadas no pescoço e policiais com golpes de pedrada na cabeça. “Eles estão bem. Alguns, realmente, um pouco machucados com estoque no pescoço. (…) Só alguns policiais que levaram pedrada e estão machucados, mas no todo a operação foi bem tranquila”, disse Bonates.

Detentos estavam cavando túnel para fugir, diz Secretaria de Segurança Pública (Foto: Reprodução)

Os agentes penitenciários que foram feitos reféns foram encaminhados para hospitais, segundo o secretário de Segurança Pública. “Os agentes já foram levados para a rede hospitalar. Estão todos bem. Alguns presos estão realmente machucados, mas foi coisa bem leve, só quase arranhão. Não tem ninguém morto, ninguém ferido gravemente”, afirmou Bonates.

De acordo com o secretário, os presos já haviam tentado fazer um túnel “de fora para dentro”, mas não conseguiram. “Esses túneis foram feitos do lado de fora. Eles vinham de fora para dentro. Como eles não conseguiram de fora para dentro eles tentaram, agora, fazer um de dentro para fora”, disse Bonates.

O secretário de Segurança Pública afirmou que a Seap (Secretaria de Estado de Administração Penitenciária) vai apurar como os celulares foram parar dentro da unidade prisional. “Vai ser apurado pela Secretaria de Administração Penitenciária como esses celulares entraram. Não tinha armamento nenhum, só estoque”, disse Bonates.

Detentos cavaram buraco dentro de uma das celas da Unidade Prisional Puraquequara (Foto: Secom/Divulgação)

O comandante-geral da PM, coronel Ayrton Norte, afirmou que os policiais foram alvos de ataques. “Infelizmente, eles quiseram partir para agressão. Começaram a quebrar telhas e jogar nos policiais, e nós agimos dentro da legalidade. Entramos e preservamos vidas”, disse o comandante-geral.

Parte da unidade prisional foi destruída durante a rebelião. Houve depredação de grades, bebedouros e o telhado. “Quebrou-se uma boa parte da unidade prisional. Já conseguimos detectar grades arrancadas, bebedouros, que era de uso deles e também dos familiares e que era uma reivindicação antiga. Nós conseguimos, ao longo desta gestão, colocar água gelada, e eles foram lá e quebraram tudo. Agora, vamos ter que avaliar o restante”, disse Norte.

A Seap informou que não descarta transferência de presos que organizaram o motim. Uma investigação será aberta para identificar os responsáveis. No momento, a Seap está realizando a contagem dos presos e revista dentro das celas.

Secretaria de Administração Penitenciária realiza a contagem de presos na UPP (Foto: Secom/Divulgação)

Durante a rebelião, detentos divulgaram vídeos afirmando estão vivendo em condição desumana e obrigaram um dos funcionários reféns a pedir a presença do juiz da Vara de Execuções Penais de Manaus Luís Carlos Valois, do coronel da Polícia Militar Amadeu Soares e do advogado Eptácio Almeida, da Comissão dos Direitos Humanos da OAB-AM.

De acordo com o TJAM (Tribunal de Justiça do Amazonas), acompanharam as negociações os juízes Alexandre Henrique Novaes (juiz auxiliar da presidência da Corte); o juiz Glen Hudson Paulain Machado (juiz corregedor do sistema carcerário do Amazonas) e também o desembargador Sabino da Silva Marques (coordenador do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário do Amazonas), além do representante do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e Coordenador do programa “Justiça Presente”, Ricardo Péres.

 

Fonte: Assessoria de Comunicação da SSP

Divulgação: Portal Uatumã

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