A greve dos funcionários dos Correios no Amazonas chega ao terceiro dia, nesta quinta-feira (20). De acordo com a categoria, cerca de 130 trabalhadores da empresa que atuam no estado aderiram à greve. Com a paralisação, o Sindicato dos Trabalhadores dos Correios no Amazonas informou que as agências não foram fechadas, mas atuam com funcionamento parcial.
De acordo com a vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios no Amazonas, Jane Neves, os funcionários dos Correios no estado aderiram à greve – que acontece em todo o país – após a empresa conseguir uma liminar, após recorrer ao Supremo Tribunal Federal, para que o Acordo Coletivo da categoria fosse reduzido de dois, para apenas um ano.
“Nosso Acordo vigorava até 2021. A partir do dia 1º de agosto, a empresa retirou 70 cláusulas do nosso Acordo Coletivo, de 79. Foi uma retirada muito brusca e decidimos entrar em greve. É um ataque muito grande para a categoria que trabalhou mesmo durante a pandemia”, disse Jane.
Em todo o estado, Jane informou que cerca de 130 funcionários aderiram à greve. Segundo ela, a maioria deles são funcionários operacionais entre carteiros, atendentes, motoqueiros e motoristas. Mesmo com a greve, a vice-presidente do Sindicato disse que as agências não foram fechadas, mas tiveram os serviços afetados com a paralisação dos funcionários, que segue por tempo indeterminado.
“As agências estão funcionando, com o pessoal que ainda ficou e não aderiu a greve. A maioria dos trabalhadores que estão na greve são da área operacional. Então, deu uma quebrada na empresa. Já havia uma quebra devido a uma grande alta de trabalhadores com licença médica durante a pandemia. A contingência já estava pouca mesmo antes da greve por causa disso. Os serviços já estavam sendo afetados”, explicou.
Reivindicações
Conforme a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas dos Correios e Similares (FENTECT), os grevistas são contra a privatização da estatal, reclamam do que chamam de “negligência com a saúde dos trabalhadores” na pandemia e pedem que direitos trabalhistas sejam garantidos.
De acordo com a vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios no Amazonas, Jane Neves, os funcionários tinham um Acordo Coletivo julgado pelo Tribunal Superior do Trabalho, em 2019, com vigência até 2021. Os Correios haviam recorrido ao Supremo Tribunal Federal para que o Acordo fosse de apenas um ano, e a liminar foi concedida.
Um grupo de funcionários dos Correios se reuniu em uma manifestação, na manhã da última terça-feira (18), na frente de uma agência no Centro de Manaus. Na ocasião, eles reivindicaram a mudança no Acordo Coletivo da categoria e a retirada dos benefícios.

Ato aconteceu em frente a agência dos Correios no Centro de Manaus, na terça-feira (18). — Foto: Patrick Marques/G1 AM
“Em plena pandemia, a empresa chamou a gente e forçou a fazer uma campanha salarial para negociação. Os Correios são um serviço essencial, trabalhamos na pandemia, muitos adoeceram. Esse era um momento da empresa resguardar os funcionários e nossos direitos foram retirados”, disse.
Os Correios divulgaram nota sobre greve na quarta-feira (19). Leia na íntegra:
A paralisação parcial dos empregados dos Correios, iniciada nesta segunda-feira (17) pelas representações sindicais da categoria, não afeta os serviços de atendimento da estatal.
Levantamento parcial, realizado na manhã desta terça-feira (18), mostra que 83% do efetivo total dos Correios no Brasil está trabalhando regularmente.
A empresa já colocou em prática seu Plano de Continuidade de Negócios para minimizar os impactos à população. Medidas como o deslocamento de empregados administrativos para auxiliar na operação, remanejamento de veículos e a realização de mutirões estão sendo adotadas.
Funcionamento – A rede de atendimento dos Correios está aberta em todo o país e os serviços, inclusive SEDEX e PAC, continuam sendo postados e entregues em todos os municípios.
Para mais informações, os clientes podem entrar em contato pelo telefone 0800 725 0100 ou pelo endereço https://apps2.correios.com.br/faleconosco/app/index.php
Negociação – Desde o início das negociações com as entidades sindicais, os Correios tiveram um objetivo primordial: cuidar da sustentabilidade financeira da empresa, a fim de retomar seu poder de investimento e sua estabilidade, para se proteger da crise financeira ocasionada pela pandemia.
Conforme amplamente divulgado, a diminuição de despesas prevista com as medidas de contenção em pauta é da ordem de R$ 600 milhões anuais. As reivindicações da Fentect, por sua vez, custariam aos cofres dos Correios quase R$ 1 bilhão no mesmo período – dez vezes o lucro obtido em 2019. Trata-se de uma proposta impossível de ser atendida.
Diversas comunicações inverídicas e descontextualizadas foram veiculadas, com o intuito apenas de provocar confusão nos empregados acerca dos termos da proposta. À empresa, coube trazer as reais informações ao seu efetivo: nenhum direito foi retirado, apenas foram adequados os benefícios que extrapolavam a CLT e outras legislações, de modo a alinhar a estatal ao que é praticado no mercado.
Estão mantidos ainda – aos empregados das áreas de Distribuição/Coleta, Tratamento e Atendimento -, os respectivos adicionais.
Vale ressaltar que, dentre as medidas adotadas para proteger o efetivo durante a pandemia, a empresa redirecionou empregados classificados como grupo de risco para o trabalho remoto – bem como aqueles que coabitam com pessoas nessas condições –, sem qualquer perda salarial.
Respaldados por orientação da Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (SEST), bem como por diretrizes do Ministério da Economia, os Correios se veem obrigados a zelar pelo reequilíbrio do caixa financeiro da empresa. Em parte, isso significa repensar a concessão de benefícios que extrapolem a prática de mercado e a legislação vigente. Assim, a estatal persegue dois grandes objetivos: a sustentabilidade da empresa e a manutenção dos empregos de todos.
É importante lembrar que um movimento paredista agrava ainda mais a debilitada situação econômica da estatal. Diante deste cenário, a instituição confia no compromisso e responsabilidade de seus empregados com a sociedade e com o país, para trazer o mínimo de prejuízo possível para a população, especialmente neste momento de pandemia, em que a atuação dos Correios é ainda mais essencial para o Brasil.
Fonte: G1
Divulgação: Portal Uatumã